Horror no Campo: Maranhense Resgatado Três Vezes Revela Escravidão e Ameaças

Marinaldo Santos, 52 anos, do Maranhão, traz à tona os horrores do trabalho escravo rural no Brasil. Resgatado em três ocasiões distintas, ele compartilha a experiência de jornadas exaustivas, ausência de remuneração e condições de vida precárias, permeadas por ameaças constantes.

“As ameaças eram constantes, caso tentássemos fugir. Os capatazes andavam armados. Era muito sofrido. Vivíamos em barracos velhos, cobertos apenas com plástico. Não tínhamos sossego à noite. Se chovesse, esperávamos a chuva passar em pé, sem ter onde deitar, pois gotejava por todo lado. A água que bebíamos era a mesma por onde o gado passava”, relata Marinaldo, evidenciando a brutalidade da situação.

Dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT) revelam que, somente no ano passado, mais de 1.600 pessoas foram resgatadas de situações análogas à escravidão no campo. Evandro Rodrigues, da coordenação da Campanha “De Olho Aberto para Não Virar Escravo”, da CPT, aponta a miséria, a ganância e a impunidade como os pilares que sustentam essa prática cruel.

A busca por um trabalho digno, impulsionada pela necessidade de sustentar a família, foi o que levou Marinaldo a essa realidade desumana. Ayala Ferreira, da direção nacional do Setor de Direitos Humanos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), destaca a concentração de terras como um fator agravante e defende a democratização do acesso à terra como uma possível solução.

O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) atualizou recentemente a “Lista Suja”, que agora inclui 742 empregadores que submeteram trabalhadores a condições análogas à escravidão. Entre as atividades com maior incidência de casos estão a criação de bovinos e o cultivo de café, demonstrando a persistência do problema no setor agropecuário.

O Ministro do Trabalho, Luiz Marinho, classificou o trabalho escravo como “repugnante” e defendeu a modernização das leis sobre o tema, além da união de toda a sociedade e dos setores produtivos no combate a essa prática. Marinho reforça a necessidade de um esforço conjunto para erradicar essa forma de exploração.

Transformando a experiência traumática em aprendizado, Marinaldo Santos leva seu testemunho a escolas do Maranhão, alertando jovens sobre os perigos do trabalho escravo. Ele também atua no Centro de Defesa da Vida e dos Direitos Humanos de Pindaré Mirim, auxiliando outros resgatados e prevenindo novas vítimas.

Qualquer suspeita de violação de direitos trabalhistas ou situação de trabalho escravo pode ser denunciada através do Disque 100, no site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) ou no portal do Ministério Público do Trabalho (MPT). O combate à escravidão contemporânea é um dever de todos.

Fonte: http://agenciabrasil.ebc.com.br

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