Erick Busetti, delegado, foi condenado a 38 anos, 10 meses e 18 dias de prisão pelo assassinato de sua esposa, Maritza Guimarães de Souza, e de sua enteada, Ana Carolina de Souza, em março de 2020 em Curitiba.
Além da condenação, Erick também perdeu seu cargo de delegado e a guarda de sua filha de 12 anos. Veja mais detalhes do caso abaixo.
A sentença foi lida na madrugada de sexta-feira (5), após quatro dias de julgamento no Tribunal do Júri em Curitiba.
Maritza, de 41 anos, era escrivã da Polícia Civil, enquanto sua filha de 16 anos era estudante. Ambas foram mortas em sua própria residência.
O advogado de Erick, Claudio Dalledone, afirmou que recorrerá da decisão. Por outro lado, Samuel Rangel, advogado de acusação, considerou a decisão do Tribunal do Júri de Curitiba justa. "Hoje dissemos um rotundo não à covardia, aos maus métodos e ao machismo", declarou.
Cronologia do Crime
20h12 - Maritza chega em casa e estaciona o carro na garagem.
21h00 - Maritza e suas filhas conversam na mesa de jantar.
21h07 - Erick chega com compras e vai para outro cômodo.
21h12 - Erick volta e começa a discutir com Maritza.
22h13 - Erick entrega um papel a Maritza.
23h55 - Erick e Maritza começam a discutir novamente.
00h16 - Erick agride Ana Carolina, e Maritza tenta defendê-la. Ele dispara contra as duas, que caem abraçadas no chão.
Após o crime, Erick transita pela casa e liga para alguém, aparentemente confuso e gesticulando. Eventualmente, ele leva sua filha de 9 anos, que estava dormindo durante o incidente, para a casa de um vizinho.
Investigações
As investigações indicaram que Erick disparou sete vezes contra Maritza e seis contra Ana Carolina. Ele está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais desde os assassinatos, tendo sido preso em flagrante e confessado o crime a dois policiais militares. No interrogatório, preferiu permanecer em silêncio.
Erick foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná por duplo feminicídio. As promotoras destacaram que as vítimas não tiveram chance de defesa. No caso de Maritza, a acusação inclui motivo torpe, alegando que Erick não aceitava o fim do relacionamento.
Contexto
O casal estava junto há cerca de 10 anos e estava em processo de separação há pelo menos um ano antes do crime. Testemunhas e familiares confirmaram essa informação.
Antes de ser denunciado, Erick foi indiciado pela Polícia Civil por duplo feminicídio, com aumento de pena por ter cometido o crime próximo de sua filha de nove anos, que estava dormindo e acordou com os disparos.
Outras Investigações
Em 11 de agosto de 2023, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o acesso de Erick ao sistema policial de acesso restrito enquanto estava preso. A investigação apontou que ele teria acessado indevidamente o sistema para consultas pessoais, o que pode caracterizar violação de sigilo funcional.
A comprovação dos acessos foi feita pela Companhia de Tecnologia de Informação do Paraná (Celepar), que indicou que Erick consultou seu próprio nome e outras informações enquanto estava na cadeia. O inquérito foi concluído e encaminhado à Justiça.